O CANTINHO DO PENSADOR
O menino voltou da escola com uma bomba:
__ Mamãe eu fiquei no cantinho do teimoso ou para os futuros filósofos que em tenra idade pisam na bola, era o cantinho do pensador. Foi um escândalo na casa do Wesley em plena hora de almoço.
O pai que estava mais concentrado no prato de comida e no noticiário esportivo do que no futuro do filho, ameaçou dá uma pisa no garoto, a mãe tentou acalmar os ânimos, dizendo que seria melhor aguardar até o dia seguinte para conversar com a professora para ver o que tinha acontecido, afinal era a primeira vez que ele recebia tamanha punição. “Como isso foi acontecer com o Wesley? a mãe se perguntava, ele nunca tinha sido chamado atenção, nem quando ela e o marido passaram um tempo separados, e o garoto tinha passado um tempo sob os cuidados da avô, será que era algum resquício daquele tempo, vindo à tona agora? Suas tarefas estavam em dia, ele nunca tinha relutado em responder tudo que a escola enviava em forma de dever.
Mais tarde na casa da avó ele confessou a razão do delito:
__ Mas vó, foi o Davi que me bateu primeiro!
__ Pois da próxima vez que isso acontecer você fale pra professora e não morda mais ele e nem ninguém.
Wesley ficou uma semana sem DVD e vídeo game, pois as consequências do cantinho se espalhavam como um efeito domino e muitos juravam que quando ele voltou a frequentar a escola depois desse evento extraordinário, parecia mais crescido, mais adulto, parecia ter se tornado a semente de um homem, tudo porque aquela família e a escola tinham plantado a semente da paz para o futuro.
Mas na mente do menino, a batalha por um mundo melhor era traduzida de um outro jeito, já que depois de seu duelo de mordida com o Davi, os dois fizeram uma aliança de paz e amizade, sempre festejada na hora do recreio, aparentemente eles tinham decidido que juntos eles eram mais fortes para enfrentarem o forte esquema de disciplina da professora.
Que os adultos ficassem com a batalha por mm mundo melhor, a batalha do Wesley era contra o relógio, o terrível senhor do tempo que marca os minutos da hora do recreio, momento em que cada criança em idade escolar se sente livre para construir seus próprios mundos e fazerem suas alianças políticas que serão destruídas no recreio seguinte.

O Wesley nem suspeita que ele e seus colegas enfrentam uma versão em miniatura do vilão que ataca o mundo dos adultos, pois a batalha contra o tempo continua quando a gente cresce, a gente corre contra o relógio para plantar a semente do bem, antes que o joio do mal infeste a plantação, lutamos contra o tempo para entender como crianças como o Wesley constroem seus próprios mundos para podermos enfim embarcarmos nele, fazendo o pequeno arquiteto crescer melhor e se tornar um lutador melhor contra o relógio, pois chega sempre o momento de passarmos o bastão, de entregar a missão para outro cavalheiro, não porque falhamos, mas porque conseguimos construir nosso discípulo, que um dia também será um mestre em enganar o tempo assim como a gente enganou, sendo professor, passando a perna do tempo, dizendo a existência do cantinho do pensador, descrevendo o reino magico das boas maneiras, enganos o tempo, o cansaço, usamos magia para fazer o tempo se cansar de nós, por isso ele deve nos deixar em paz, com nossas sementes, pois não temos medo de jogar todas elas pela janela, nem de velas crescer, não vamos fugir das batalhas que nos esperam lá em cima, que venham os gigantes, que venham os moinhos de vento, temos uma estratégia de luta, eu e o Wesley, nosso quartel general, onde são traçados nossos planos para a vitória final se chama “cantinho do pensador” não poderia existir nome mais adequado.

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