OS ELEITOS
Jacob pegou seu filho pelo braço e
foram passear.
__ Onde vamos hoje papai?
Perguntou Ezdra impaciente.
__ Tomar banho de chuveiro, filho.
__ e depois tomar café, leite, e pão,
né pai?
__É sim filho. Engoliu em seco.
Enquanto caminhavam pela rua, Jacob
tentou discernir sua imagem nas janelas e vidraças de loja, todas confiscada
pelo governo e saqueadas em seguida, mas todos os reflexos estavam obstruídos por
um desenho, uma marca, o símbolo de sua raça.
A fila que teriam pela frente, era
enorme como sempre. Das janelas que não tinham símbolo, brotavam vozes
gritando:
__ Porco, porco, porco.
__ O que é isso papai?
__ Deve ser o que vão servir no
almoço, filho.
Do outro lado da rua, um homem levou
uma bofetada e seu chapéu caiu, Jacob pode ver nos olhos do filho do homem que
ele esperava uma reação mas ela não veio.
A fila se arrastou como uma lesma esquelética
até que chegou a vez de Jacob e filho, a porta do banheiro coletivo se abriu
novamente e todos entraram na barriga da baleia de ferro, Jacob colocou o filho
nos braços e as lágrimas dentro da grande barca.
__ Papai, eu to com medo!
__ aconteça o que acontecer, só me abrace,
não chore, segure no meu pescoço.
Os chuveiros se abriram mas nem uma
gota caiu de lá.
Uma pilha de corpos cadavéricos se
contorciam na direção de uma pequena abertura no teto, Jacob empurrou Ezdra com
os pés, na direção do topo, como se fosse a cereja do bolo. Em pouco minutos
uma fumaça branquinha começou a sair pela chaminé do banheiro. Os eleitos.
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