Ele tirou o chapéu de palha da cabeça, e produziu uma lufada de vento com o movimento rápido do braço, e numa abanada só conseguiu apagar as 14 velas acesas do despacho que tinha encontrado em cima de um tapete persa, em um teso duro, no pé da serra do carretão, na zona rural de Altos. Mas além das velas tinha outras sequencias de números 14: garrafas de bebidas caras, charutos, caixas de fósforos, taças de cristal, tudo representando esse numero, além de um capão assado em uma bandeja. Já era os bofe da meia-noite, escuro de meter dedo no olho,pousou o chapéu em cima do tapete, pelos menos naquele local e horário ninguém sorriria da sua careca, só ele mesmo,pensou, sorrindo sozinho. Andava só ele e a cachorra, sua companheira de caçada. Começou a beber uísque e comer o capão assado, lembrou do filme do conan que tinha assistido na sessão da tarde, tirou a peixeira da cintura e cortou uma coxa do assado, começou a comer como um bárbaro, virando a garrafa na boca de vez enquanto, tudo do bom e do melhor, mas antes tomou a precaução de deixar a bate-bucha engatilhada, não queria ser surpreendido por nenhum mal fazer, naquela hora da noite, nem por pantarma, além disso posicionou a cachorra sentada por tras dele, guarnecendo suas costas, e a favor do vento, farejando o ar noturno, qualquer odor diferente que aparece ela iria sentir com o faro, daria um rosnado, e começava a latir sem parar, ele não queria ser pego desprevenido durante seu jantar pelo capelobo,cabravei,lobsomen ou caipora, quem aparece ele picava fogo. Já tava ficando afobado por causa da bebida.
Ficou admirando as estrelas entre uma dose, contemplou o cruzeiro do sul, as três marias da constelação de Órion, e a estrela d alva, parecendo um diamante perdido no céu de tão brilhante. So interrompeu o banquete depois que a primeira barra do dia deixou uma cicatriz no ceu e o galo cantou na direção da fazenda do seu Zeca pires. Hora de voltar pra casa, teve de assobiar pra cachorra que tinha acuado outro prear no meio das mancabiras pra não voltar sozinho.
Ele tinha retomado aquela nova temporada de caça depois que o primeiro casamento acabou e ele voltou a morar com os pais, queria da um tempo da capital teresina. Por isso quando o dia amanheceu e o filho não retornava da mata, seus pais, já aposentados se preocupavam com a demora, o sol já tava alto e nada do luiz chegar, foi quando seu Josias saiu na porta da rua e viu o filho, “pe dentro”, “pe fora”tentando chegar em casa. Resolveu da a notica a mulher:
__ Joaquina , tu não sabe quem vem bebo acolar na estrada.
A mãe já sabendo das arrumação do filho fazia começou a se maldizer:
__Hum! E esse homem não tido ido era caçar
__ É não que tu não quer !
Ele vinha banzeiro, o patua da munição pendurado no ombro, atravessado junto com a correa da espingarda. Na mão direita uma bandeja com o resto do assado e farofa, na mão esquerda uma garrafa de pitu.
Ele passou o resto do dia comendo e bebendo, sentado em um tamborete com a cachorra passando por baixo da mesa, “ só pegando a garapa”.

Tava tão bêbado que começou a cantar a embolada “briga em são josé dos cacete” que ouvira na sua radiola antes de sair pro mato. Depois ficou so contando lorota e historias do arco da velha pro seu pai e sua mãe ouvir.

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