KALÁ




KALÁ
Cachorro vei que não serve pra nada, no terreiro da casa, as moscas pousando nas pálpebras, no terreiro da frente crianças brincavam, adultos toavam café que a dona da casa tinha passado e agora conversavam miolo de pote, nas outras casas nenhum furdunço, se tinha cachorro por perto era cachorra parida, o sol estava se pondo atrás da serra dos macacos, de repente,  foi o tendel, um cachorro enlouqueceu na ultima casa da rua e veio de la pra ca atacando os outros cachorros e as pessoas que encontrava pela frente, chegando cada vez mais perto do terreiro onde as crianças brincavam, kalá era o nome do cachorro dorminhoco, um nome imprestável que nem o dono, na hora do ataque os adultos se acovardaram e correram deixando as crianças pra trás que dificilmente iriam escapar do bote do cachorro doido, iriam ser alcançadas na corrida em uma fração de segundos, mas kalá surpreendeu a todos, deixando-os corados de vergonha pelo seu gesto de heroísmo, ele saiu da sua preguiça habitual como se despertado de um transe e se pôs entre as crianças e o cachorro do Seu Alexandre que tinha enlouquecido na rua, sua fúria desperta agora era de um lobo e quando o outro tentou continuar o ataque tentando entrar na casa onde as pessoas tinham se abrigado agora com crianças no colo e se valendo de orações, kalá entrou em luta feroz com ele pagando mordida com mordida, patata por patata, ate que conseguiu abocanhar o pescoço do cachorro doido que ficou imobilizado no chão, a boca espumando, ate que seu Alexandre chegou dizendo com voz meio rouca e os olhos cheio de lagrimas que iria atirar no próprio cachorro, sacrificou o bicho com um tiro de uma Nazarina comprada no Juazeiro.


Comentários

Postagens mais visitadas