HOMENAGEM AS MULHERES




CONTATOS IMEDIATOS COM A REALIDADE FEMININA
Desde o ano passado quando escrevi um texto sobre o dia da mulher aconteceram coisas que fiquei com vontade de inserir em um novo texto, pincipalmente porque naquela ocasião fiz referências ao mundo do cinema, nossa como o tempo voa, o ano passou tão rápido, olhando em retrospectiva não foram poucos os casos de abuso contra atrizes no mundo do cinema, mas precisamos olhar para nossa realidade próxima e imediata, para constatar que abusos acontecem o tempo todo, e caem no esquecimento, coisas que o cinema não ver, mas que no fundo une todas as mulheres, sejam elas estrelas do cinema ou trabalhadoras anônimas: sua dignidade sendo ferida, com um toque no corpo que ela não deseja, com a companhia perigosa que ela não precisa, com um amor que mata e que ela não merece.
Olhando para uma realidade mais próxima ainda, eu analiso na sala de aula o comportamento de meninos e meninas e começo a constatar diferenças gritantes até mesmo com um simples alfabeto móvel quando a turma é desafiada a montar uma palavra com letras aleatórias se eu separar a turma por gênero, meninos contra meninas, os meninos tendem a serem egoístas, cada um querendo uma quantidade de letras pra se e nisso eles perdem muito tempo e as vezes nem conseguem montar a palavra, já as meninas por sua vez tendem a minimizar essas pequenas disputas e começam a revelar um senso de equipe que me surpreende pois conseguem montar a palavra em menos tempo.
Não sei se estou certo em minhas contagens mas pareço que tenho o privilegio desse ano conviver com treze mulheres no meu ambiente de trabalho de forma indireta e direta, sem contar com todas as professoras que já tive, na minha vida escolar, na minha especialização e na minha formação continuada, todas contribuíram e ainda contribuem para eu ser um profissional melhor, sem contar minha esposa e minhas duas filhas mulher que me acolhem em casa, pra mim aliviar o estresse e voltar com força total no outro dia pra ensinar frase para os alunos.
Eu escrevo esse texto sei saber como termina-lo, pois estou dividido entre o que acontece no mundo, no cinema, na literatura, na ciência e o que acontece no meu local de trabalho, na sala de aula, na minha rua e na minha cidade, coisas que dizem respeito ao universo feminino e que me inquietam, pois a sociedade que faz pose de moderna, muitas vezes traz inserida no seu bojo mecanismos de opressão com reformas trabalhistas que podem prolongar os anos de trabalho, com discursos acadêmicos que privilegiam uma referencias bibliográfica essencialmente masculina, pois é mais fácil você se lembrar de um pensador ou teórico do que numa pensadora, e isso acontece em outros âmbitos também, pois a coisa é armada de um jeito que homens cientistas são mais facilmente lembrados pelos seus feitos do que as mulheres que atuam na mesma área seja cientifica, literária, do entretenimento, ou empresarial e por que não dizer educacional ?
Pode parecer clichê mas vou repetir o que disse no ano passado, foi um homem que pousou na lua, dando um grande passo para a humanidade mas foram três mulheres que desenvolveram o cálculo para que tal feito fosse possível, se não fossem elas talvez o foguete não teria saído nem do chão, poucas mulheres fizeram o que um milhão de machos científicos não estavam conseguido, abrir as fronteiras da exploração espacial e quem sabe no futuro ser o primeiro marco da colonização do espaço e sobrevivência da espécie humana.
Pode ser no mundo cientifico ou cultural, pode ser na rua da minha casa, sempre vai haver uma ideologia opressora disfarçada de boas intenções que tanto mulheres quanto os homens precisam lutar para garantirem verdadeiramente a emancipação da mulher, pois parece ser melhor quando a gravidez é de um menino e não de uma menina, o que as vezes dói mais é que as vezes as próprias mulheres comemoram, é mais fácil lembrar do Alan Turing inventor do computador, do que lembrar que foi uma mulher que antes dele criou um modelo matemático que é considerado hoje o primeiro esboço de linguagem de programação muito antes de tais maquinas existirem, é mais fácil lembrar de grandes escritores do que escritoras, é mais fácil lembrar de grandes cineastas homens do que de mulheres que exercem a mesma função, poderíamos elencarmos vários exemplos em todos os setores sociais de como essa ideologia velada vai manipulando a consciência das pessoas sob o aspecto da normalidade.
Volto ao meu assunto preferido pra dizer que o grande salto para a humanidade não é a pegada de uma bota de um homem na lua, mas caneta e papel na mão de mulheres negras, inteligentes e cientistas lutando para se sobressair num ambiente essencialmente machista e para concluir digo que o ultimo cavaleiro GEDI não é um homem, é uma mulher e mesmo que o império do preconceito contra-ataque sempre nasce uma esperança na forma de uma garota, como uma flor que nasce no asfalto, delicada e forte ao mesmo tempo, que é como eu vejo as garotas de 14 e 15 anos do CMEI TIO ALESANDRO com quem eu tenho o privilégio de conviver. Feliz dia da mulher.




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