O INFERNO DE JULIO: UMA LIÇÃO DE VIDA

Ao ler um texto no blog causos assustadores do Piauí, intitulado o inferno de Julio me veio imediatamente a imagem de outro tipo de inferno apesar de que a visão de Julio é bem condudente, não ! Não! Também não estou falando de Dante Alighieri que é um clássico, o que aconteceu com Julio me faz lembrar imediatamente da definição de inferno pintada pelo grande filosofo existencialista Jean Paul Sartre que cunhou a frase “o inferno são os outros”, claro dentro de uma extensa obra filosófica, passando por tratados complexos de filosofia, mas que também passava pela literatura, marcadamente o romance e o teatro.
Mas vamos inverter um pouco o argumento, sei que ele acharia até bom se não concordássemos logo de cara com ele, já que foi um filosofo pop e muito contestador pelo menos iria ver se fosse vivo que eu estaria tentando fazer a lição de casa, que é na medida do possível uma lição de vida para mim, quem sabe para os outros, inferno isso! Só para construir um texto, fico pegando caronas filosóficas!
A questão a que me proponho a examinar é a seguinte: Será que o inferno não sou eu mesmo? a medida que fico querendo rotular a vida dos outros alimentando falsas expectativas esperando que ele reaja de determinada maneira que satisfaça meu ego ?
Só posso concordar aqui que o inferno são os outros no sentido da poesia de Fernando pessoa, o inferno são os outros, os outros eus !, ora o inferno pode muito bem ser os outros se é para abrir mais uma exceção no texto, como uma abertura das veias abertas da America latina, na medida que o outro não curte o que eu posto ou faz um comentário depreciativo, sé pra contextualizar com o mundo que vivemos hoje e pra dizer que não falei de flores.
Depois de irmos até o paraíso da filosofia (pode haver controvérsias por parte do caro leitor), vamos voltar para o inferno do forrozeiro Julio, o que de certa forma parece ate injusto por ele ser castigado por gostar de forró e namorar, parece que o céu e o inferno vivem querendo meter o bedelho no meio da felicidade existencial da gente!
O que enlouqueceu Julio não foram as visões grotescas de um inferno metafísico, mas a total indiferença dos outros, representado no relato por um grupo de vaqueiros, se não me engano que não quiseram acreditar nele, indo de certa forma ao encontro do pensamento de Sartre.
Não nos cabe aqui analisar a veracidade histórica do relato de Julio, mas sim suas implicações filosóficas e literárias enquanto lição de vida, o inferno de Julio poderia muito bem não ser real, mas sua necessidade de que lhe dessem credito ouvindo com atenção a sua historia era.
Portando da próxima vez que tiver uma visão do inferno ou achar que sua vida ta parecida com um tome bastante cuidado com quem você ira desabafar, pois a chance de seus ouvintes fazerem com você o que fizeram com Julio é grande, ou seja, não darem a mínima e você vai se sentir pior do que antes. Tome cuidado ao revelar suas fraquezas para alguém, por que depois quando começarem a usar isso contra você, você vai começar a dar razão a Sartre ao concordar que o inferno são os outros.
Guarde suas visões tenebrosas só pra si, aceite esse tipo de purgatório que pode muito bem ser colocado por Deus, pra te fazer mais forte, é melhor viver seu purgatório individual do que o inferno. 
É! Pelo visto Sartre tinha razão mesmo sem acreditar em Deus! Porque como ele defendia somos obrigados a tomar uma decisão, somos livres, condenados a sermos livres para escolhermos o inferno metafísico ou o inferno existencialista de Sartre, e como diz o ditado a certas decisões que não deveriam sermos tomadas porque é uma tortura, de certo modo infernal fazer isso, mas bem ao modo de Sartre o que de certa forma é um tiro no pé dele, essa angustia que experimentamos é o reflexo, por um lado dessa condenação que ele fala, de sermos livres, mas por outro é o que nos define, bem dentro do jargão filosófico dele, que defende que a existência precede a essência, não nascemos com uma forma existencial definida, vamos nos definindo a media que vamos tomando decisões, que vamos escolhendo o caminho que vamos seguir a partir desse momento é que começamos a existir de verdade para depois definirmos o que somos, a decisão é nossa.


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